Um Portão, uma Prisão

Inspirada no conto "O Portão", de Inaldo Moura.

A imagem que se via

não era das mais belas.

Uma criança, um portão,

uma grade de ferro

e muitas lágrimas

em uma face pueril.

Numa rua conturbada em redemoinhos

transitam pessoas vazias.

Pensamentos se perdem

em insensatas omissões

e um dia se arrasta contraditório

ora sol, ora chuva, ora cinza.

Sonhos aprisionados

em meu próprio portão

e grades de ferro onde

apenas contemplo

minhas fantasias.

Lágrimas ainda jorram de olhos

onde a fonte secou

diante de uma paisagem sombria

de um mundo acusador

e de tamanha covardia.

Como queria abrir aquele portão,

rebentar o cadeado que impede

a aproximação ou quem sabe,

derrubar as muralhas de um coração

e sair aos becos da vida a gritar

um cântico de libertação.

Recluso, contemplo a paisagem.

Quadro vivo de almas mortas

que ainda insistem em sinuosa

caminhada