Medusa
Em minha cabeça, bate
tantos nomes teus, tantos versos inversos
e reversos. Há
tantos gestos indecifráveis, tantos mistérios.
Em ti, há tantas criaturas luminosas
escondidas dentro de casas feitas de barro
[e pedra
– tantos santos e tantos ateus...
(Quisera coubesse
dentre de uma delas
uma parte mínima
do que sou eu!)
Quando tua boca se abrindo, – em flores
e passarinhos – me solta um riso
ou taca um beijo,
logo mais teus dentes (brancos...
... perfeitos)
se me esgaçam
rangendo de ódio
ou desejo
Em ti há tantos gestos, tantas cores.
Destarte, eu quase nem consigo imaginar-te de toda:
deusa, menina amarela e azul piscando no meio da noite
em luzes de néon,
criatura hibrida – medusa:
em cada cabeça, tu carregas pus,
suor, sangue, medo e amor.
Enquanto a mim, todavia, estátua de pedra
[em tuas mãos.
Para Elisiane Bandeira