De Tudo Que Restou
Estou sozinha...
A paisagem da cidade se tornou ambíguo,
longa como se fosse à visão de um outro mundo.
Estou sozinha...
E tudo é mistério.
Nenhuma forma tem sentido,
os objetos perderam definição dimensão
Nada é real...
Nosso passado está em cada sombra
escapando da minha percepção
Não é sonho...
É um pesadelo o que vivo.
Ele se enraíza dentro mim,
estende tentáculos sobre o
meu corpo e meus nervos.
É real e tenebroso...
Nada a volta me provoca nem me abrange
nada trás luz para grande escuridão que
instalou dentro do meu peito.
Nenhuma alegria, para vencer a
dor que se revolve em meu coração.
Estou sozinha...
Com o espírito carente.
Estou em pedaços, pois já não tenho alma.
De tudo que restou foi a enorme
saudade e restos do passado, contornos
nebulosos que indistintos que se transformaram
em manchas, borrões escuros e viscosos.
Restou uma vida sem sentido como
se tivesse sido condenada a ser longa e eterna.
Restou a dor...
E por estar sozinha, hoje sou
a paisagem, abstruso, prolixo
e sem vida.
02/01/2011