Sede de Justiça

SEDE DE JUSTIÇA

Minh’alma canta dessas

Melodias indizíveis,

Uma canção distante,

Dolente, quase inaudível.

Noutras notas,

A melodia é forte, vigorosa.

È ventania nos coqueirais,

Das praias Tupinambás,

Dos recantos de minha terra!

Minh’alma às vezes canta

Uma canção tropical!

Tem cores de açucenas,

Bem-te-vis, flores miúdas,

Dos campos verdes,

Das matas, das palmeiras,

Carnaúbas...

Minh’alma canta a canção

Que tem os cheiros da terra,

Dos rios, das matas, das serras,

Dos rincões do meu Brasil.

Minh’alma canta a canção

Dos brancos e dos mulatos,

Dos caboclos e dos meninos,

Desses de pés no chão,

Dos sorrisos mal cuidados,

Que trazem nos rostos suados

Um letreiro que não vêem:

“Tenho fome de Justiça

E de amor tenho sede!”