O MURO

Não Julgue...

ou,

O Muro

O homem em cima do muro

expia, penitencia e espia

o outro que se excita.

Não vê a luz, só o escuro

_na névoa encobre o dia_

ou tudo o que é mais,

evita.

Este homem, o tal puro,

não vê, não ouve, mas clama!

Jamais

no dizer do não

percebeu um só irmão

caindo de um céu em chamas.

O puro se auto anuncia

o puro se auto proclama

o puro não vê ninguém.

Probo, guardião do bem,

do outro lado do muro

serpente rasgando o mundo

uma procissão de aflitos

gritos, uivos imundos,

que o puro julga e conclama.

O puro só vê a lama!