MARIA
João mar ia.
Hoje, é Maria.
Maria sem João é Maria.
João sem Maria não o é, e nem seria.
Maria vai à pescaria,
João já não pesca mais.
Ele, quando pescador das noites,
Foi valente, foi audaz...
Venceu todos os naufrágios
Que lhe trouxeram os temporais,
Dominou as fortes redes
Com agilidade eficaz!
Levou da terra
Pra água, a guerra.
Trouxe da água
Pra terra, a mágoa.
Ei-lo naufragado em mágoas
E afogado nelas jaz.
Detido na velha rede,
Nenhum movimento faz.
Dos bons tempos... só lembranças,
Tudo se foi tão fugaz!
E Maria?
Teria ela alegria
Quando vai à pescaria?
Há pesca.
Há festa?
A bela,
Que domina forte as velas,
Não elimina da sorte as velas.
Por isso vela.
Só velar é o que lhe resta!