Casa Grande
Mangalô
Na casa ,
Iam se aconchegando
Objetos com memórias..
Memórias cheias de asas
Que eram sombras da casa
Retratos de gente chegando,
Por nascer ou só chegar,
Um avô contando histórias,
De fantasmas de além mar.
Um abajour art-decô,
Na sala um crucifixo,
O caso da Nêga-Fulô,
Um medo louco do escuro
Um sexo na mente, fixo...
E o encanto do obscuro.
No quarto uma moringa d'água,
Uma tia triste, encalhada...
Dedilhando um terço em mágoas
Nas noites de trovoada.
Um relógio carrilhão
Doze batidas noturnas,
Um defunto no porão
Rangidos de paixões soturnas.
Um corredor bem comprido...
Ali muitas vidas soltas,
Fuxicos ao pé do ouvido
Comigo-ninguém-pode e murta...
Conversas de herança , revolta...
A vida cada vez mais curta.