COMPLEXO COMO FEIJÂO COM ARROZ

Feijão com arroz na mesa

Vai do pobre à realeza

É a rima dos brasileiros

Charque, jabá e feijão tropeiro

Feijoada completa então

Por precaução é melhor ter

Enfermeiro de plantão...

Pois os ingredientes da tortura

São enésimos é quase um porco e um

Boi à cavalgadura fervilhante da miscigenação

Sem contar com quase uma plantação de temperos

E condimentos afros descendentes...

Do que sobra é casamento de Baião de Dois

“Como cantava Gonzagão o Rei do Baião”

Nascido no Município de Exu (Laróyè!) em Pernambuco

Quando passava por lá neste restaurante

De beira de estradinha em Juazeiro do Norte, Ceará

Provável lugar do nascimento do Baião

Este era o prato principal feito pelo próprio

Dono do lugar seu Abdon, como começa a letra

Lá ele almoçava e dizia “nunca comi nenhum igual”...

Já pra outros virou virado ou tutu

É típico da região mineira adorado por lá

Uma massa homogênea acrescida de

Costeleta, ovo, lingüiça, torresmo tudo ” fritinho”

E mais a couve à mineira é quase um suicídio...

O feijão tem assinatura de exportação

No Brasil colônia já era consumo garantido

Português e africano já o saboreavam

Os negros na Senzala de seus ninhos

Os portugueses nas toalhas de linho

Tem de todo tipo o tal feijão, vai do

Branco, preto, fradinho, roxinho até o mulatinho.

E acrescenta-se ainda o cimento

Feito de farinha de mandioca,

Uma só “misturança” na dança da panela

Que é pra dar “sustento” diante da procela

Feijão com arroz duas jóias

Incrustadas na cozinha

Escorrendo pela epiderme como diamantes

Desfalecidos deslizando por sobre a tez

Sinônimo de satisfação depois de rasgado o véu

Os que com ele se alimentam

Sonhando chegam pertinho do céu

Que o diga João e o pé de feijão.

Ou Caetano Veloso com sua música

“Mexe qualquer coisa dentro doida/

Já qualquer coisa dentro mexe/Não

Se avexe não Baião de Dois...”