A FLECHA DO AMOR

Amigo,

Olha, aquele cervo

Que o índio alvejou,

Ele traz esta flecha

Cravada em seu corpo ...

Padece um horror!

Eu, aqui neste campo,

Olhando este cervo,

Me igualo ao seu pranto.

Também estou livre neste campo aberto,

Também tenho a aurora pra me acalentar,

Tenho o verde, o rio, as águas mais puras...

Mas vivo a chorar:

Ontem eu deixei minha vida, minha casa,

Ontem fiquei sem o meu grande amor,

Ontem...Foi ontem...

Com palavras simples, num olhar impiedoso,

A mulher me deixou..

E livre até posso falar que me atrevo

Dizer que sofremos por cousas iguais:

Difere que vês uma flecha no cervo,

E em mim tu não vês o que a flecha me faz.

08/06/1999

Geraldo Altoé
Enviado por Geraldo Altoé em 11/11/2006
Código do texto: T288065