Quiçá ...
Quiçá nessa madrugada
Nasça um poema
Que me consagre
Ou que me cale.
Noite grávida.
A vida passeia
Por sua teia emaranhada.
Fumaça engasgada na sala,
Pulmão nicotina,
Olho a viciada esquina...
A noite se fecha em minha retina,
Envergonhada.
A manhã vem sem graça,
Sem borderô
O espelho reflete
Anêmico amor.
Cama bagunçada,
Travesseiros no chão,
O cão late uma oração.
O galo bate as asas,
Acorda o dia,
Despede a madrugada...
Na mesa um papel amassado
O poema não nasceu.
E eu calo...