Quiçá ...

Quiçá nessa madrugada

Nasça um poema

Que me consagre

Ou que me cale.

Noite grávida.

A vida passeia

Por sua teia emaranhada.

Fumaça engasgada na sala,

Pulmão nicotina,

Olho a viciada esquina...

A noite se fecha em minha retina,

Envergonhada.

A manhã vem sem graça,

Sem borderô

O espelho reflete

Anêmico amor.

Cama bagunçada,

Travesseiros no chão,

O cão late uma oração.

O galo bate as asas,

Acorda o dia,

Despede a madrugada...

Na mesa um papel amassado

O poema não nasceu.

E eu calo...

Laura Duque
Enviado por Laura Duque em 30/03/2011
Código do texto: T2880094