Um grito que ecoa nas paredes da alma
O corpo bêbado, os olhos sãos.
Bebi para esquecer as lembranças,
e elas vieram mais vivas.
Intensas, ativas.
O copo, ainda cheio,
a garrafa, agora no meio,
entorpecido, duvido
de tudo aquilo que creio.
Duvido da sorte, que perdi!
Duvido de mim, de quem esqueci!
Duvido da morte, com quem dividi
metade da vida que um dia vivi.
Metade da vida, dividida com a morte,
me faz tanta falta, agora,
que a minha metade já não se demora.
E o grito que ecoa
nas paredes da alma,
é o mesmo que soa
de uma vida que escoa
sem dores, rumores
sem trauma.