DELICADEZA
Quando nada mais significa
Aquele zombar da dor
Em alguma palavra fácil,
Na gente o que é que fica?
Em meio ao não entendimento
Fica uma ironia ágil
Varrendo qualquer sentimento...
Fica o medo, muito medo
De se ouvir falar de amor
Com toques de vulgaridade.
O medo de acordar cedo
Para um nova inverdade,
Na mesma voz repetida...
Meu amor será sagrado!
Será preservado em vida...
O outro, o amor penhorado,
Melhor não ser resgatado.
Nem precisa ser negado
O que não chegou a ser.
A gente pode conviver,
Em prol da civilidade
E até ter certo prazer
Em dizer futilidades
Mas falar em vão de amor,
Não!... Tenhamos a grandeza!
Pelo futuro do mundo!
Pior que alma ferida,
Ainda que por um segundo,
É ver que foi suprimida
Do peito, a delicadeza!