Acalanto do Tempo
                        

Quisera voltar o relógio desta breve existência,
Perdoar-me-ia bem mais, espalharia indulgências.
Teria tempo para o tempo, viveria cada momento.
Saberia o valor do amor e as agruras do cimento.

Quisera dar um bom dia para o idoso ignorado,
Abraçar  crianças que perderam a esperança.
Visitar irmãos enfermos e aqueles enclausurados,
Plantar a  flor do amor nos corações descrentes.

Quisera ser árvore frondosa, abrigar  pássaros
Fonte de água pura de onde jorrasse a ternura.
Cadeira de balanço para embalar almas tristes,
Porém, o  algoz tempo  raramente  isso permite

Ciente da efêmera vida,  do eterno aprendizado,
Percebo que o tempo  carece de ser compartilhado.
O tempo  sem volta, súbito tudo se torna passado 
Por isso, apresso-me em compreender o verbo amar.

   (Ana Stoppa)


 
Ana Stoppa
Enviado por Ana Stoppa em 29/03/2011
Reeditado em 10/05/2017
Código do texto: T2878339
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