À SOMBRA DA CRUZ
De portas no chão abre-se para o sol
da noite, como um discípulo puro e
sábio, cego pela luz que o conduz
em intervalos de solidão.
As asas tortas afrouxam o riso e
distraem o caminho condutor das
margens densas, que por legendas
mostram o encontro da foz com o cais.
Os sonhos são atormentadores
e abrilhantam as dores da provação,
ais da glória que apodreceram
e dobraram os joelhos a aguar
as flores do jardim celestial.
O caminho está morto e os sonhos
num poço de interligação,
raios-elos e sonos belos
em berços eternais.
Não há luz no túnel, nem intenção.
O espelho nega o foco e enterra o
tom da porta aberta,
e dormirá pelo brilho do raio que
cortará o teto e alimentará a carne,
sublevando-a pela mágica do ventre
gerador, e não se sentir é um dom.
O espelho corta os pulsos
e rasga a luz
e suja o sangue do chão,
e molha os pés no cais...
dorme e ri à sombra da cruz.