POEMA DE ABSOLVIÇÃO (ou O EXERCÍCIO DA IRA)
Em nós a necessária busca.
O mal prevalece na medida dos passos.
Pobre do que avalia a profundidade
das iracundas visões!
Lenço de nuvens
em que escondemos o rosto.
No exercício da ira,
o silvo do outono sobre os frutos
é poema de absolvição.
A alegoria dos ausentes
foge na canção dolorosa.
A solidão carpe o tempo das esperas.
Só Deus sabe dos achados e perdidos.
O que a vista alcança
morre ajoelhado no horizonte.
– Do livro O POÇO DAS ALMAS. Pelotas: Ed. da Universidade Federal, 2000, p. 81.
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