POEMA DE ABSOLVIÇÃO (ou O EXERCÍCIO DA IRA)

Em nós a necessária busca.

O mal prevalece na medida dos passos.

Pobre do que avalia a profundidade

das iracundas visões!

Lenço de nuvens

em que escondemos o rosto.

No exercício da ira,

o silvo do outono sobre os frutos

é poema de absolvição.

A alegoria dos ausentes

foge na canção dolorosa.

A solidão carpe o tempo das esperas.

Só Deus sabe dos achados e perdidos.

O que a vista alcança

morre ajoelhado no horizonte.

– Do livro O POÇO DAS ALMAS. Pelotas: Ed. da Universidade Federal, 2000, p. 81.

http://www.recantodasletras.com.br/poesias/287637