noites eternas em dias de sol

Eu vi nas noites eternas

Do esquecicimento, as estrelas

Caindo, na terra vestida de pão e espinho.

Vi mulher nuas

Ardidas e tristes

Doces e pertubadas

Vi nas casas velhas

Um dia em fim

As armas de cera

E saudade

Tinham o peito

A cor perdida

De tempo ingrato,

Tinham nas estradas

O caminho da morte

Ventava na noite de estrelas

O céu caiu num vestígio torto

Era a vida carregada de peso e roupa suja

Narciso e poesia

Cargas d’água

De bichos e meninas nuas

O riacho levava as lavadeiras

Cantigas rosas e fome de uma noite

Os meninas gritavam

Forte e cinza

Os carnavais mortos

A paina pesada

O rosto cintilante

Molhados de sol

E todos olhavam o céu

Procurando revelação

Ou um sol amarelo

Os mortos levava o peso da terra

A feiura do sono

O preto do sujo

A cara enfezada

A infelicidade armada

E o tempo esfacelado

Cavucado pra cima

Em busca de sangue e febre

No final do dia

Quando o tempo morria

E o sorriso cansado

Era so um rosto sem mascara

A fome encardia o chão

As plantas

E trios que carregava nossos pés

Era o caminho seco

Que secava também os homens

Desse tempo.

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 28/03/2011
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