noites eternas em dias de sol
Eu vi nas noites eternas
Do esquecicimento, as estrelas
Caindo, na terra vestida de pão e espinho.
Vi mulher nuas
Ardidas e tristes
Doces e pertubadas
Vi nas casas velhas
Um dia em fim
As armas de cera
E saudade
Tinham o peito
A cor perdida
De tempo ingrato,
Tinham nas estradas
O caminho da morte
Ventava na noite de estrelas
O céu caiu num vestígio torto
Era a vida carregada de peso e roupa suja
Narciso e poesia
Cargas d’água
De bichos e meninas nuas
O riacho levava as lavadeiras
Cantigas rosas e fome de uma noite
Os meninas gritavam
Forte e cinza
Os carnavais mortos
A paina pesada
O rosto cintilante
Molhados de sol
E todos olhavam o céu
Procurando revelação
Ou um sol amarelo
Os mortos levava o peso da terra
A feiura do sono
O preto do sujo
A cara enfezada
A infelicidade armada
E o tempo esfacelado
Cavucado pra cima
Em busca de sangue e febre
No final do dia
Quando o tempo morria
E o sorriso cansado
Era so um rosto sem mascara
A fome encardia o chão
As plantas
E trios que carregava nossos pés
Era o caminho seco
Que secava também os homens
Desse tempo.