CONFISSÕES DE UM VIRALATA


Dos mares tingidos de azul, 
em cores de fantasias pintadas,
nada espero.

Quero morar na areia rústica
e palpável às minhas mãos, 
embora grossas 
por insistir em  carícias ao mundo áspero, 
que sonhos secos calejam
em blocos de cimento -
e por onde esses tormentos passam.

Volta à boca ácida, 
espuma encardida por falácias 
que nada dizem,
a não ser repetirem-se em minhas areias macias e alvas.

Não me toquem essas ondas perigosas
e altas,
que levam e trazem os restos -
e nem mesmo às pedras
o gosto
satisfaz.

Quero meu peito sem a coleira de aço
que aperta minha palavra,

e se nada houver nos manguezais 
que possa me matar a fome,
que eu possa sucumbir, enfim.

Longe, porém, da hipocrisia 
que enche a cabeça de elogios, o  homem.

Esses discursos vazios,
planejados
e tão falsos,
juro, 

não quero mais.


Publicado no Recanto das Letras em 08/10/2009
Código do texto: T1855044

Miriam Dutra
Enviado por Miriam Dutra em 28/03/2011
Reeditado em 29/03/2011
Código do texto: T2875234
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