CONFISSÕES DE UM VIRALATA
Dos mares tingidos de azul, em cores de fantasias pintadas, nada espero.
Quero morar na areia rústica e palpável às minhas mãos, embora grossas por insistir em carícias ao mundo áspero, que sonhos secos calejam em blocos de cimento - e por onde esses tormentos passam.
Volta à boca ácida, espuma encardida por falácias que nada dizem, a não ser repetirem-se em minhas areias macias e alvas.
Não me toquem essas ondas perigosas e altas, que levam e trazem os restos - e nem mesmo às pedras o gosto satisfaz.
Quero meu peito sem a coleira de aço que aperta minha palavra,
e se nada houver nos manguezais que possa me matar a fome, que eu possa sucumbir, enfim.
Longe, porém, da hipocrisia que enche a cabeça de elogios, o homem.
Esses discursos vazios, planejados e tão falsos, juro,
não quero mais.
| | Publicado no Recanto das Letras em 08/10/2009 Código do texto: T1855044 |
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