A CHUVA E A GENTE
É interessante: a chuva que incide lá fora pára a gente.
Mas a gente não pára a chuva que incide lá fora.
E a tempestade que ocorre lá dentro, no coração da gente, pára a gente.
Mas às vezes a gente pára a tempestade que ocorre lá dentro, no coração da gente.
E às vezes a gente pára a tempestade de dentro sem querer...
Depois a gente sente falta da força da tempestade de dentro,
A gente fica com o peito fraco: sobra de vento,
Miudezas pairando depois do temporal,
Saudades do medo gostoso da chuva gostosa de cheia lá dentro...
E às vezes a gente pára a tempestade de dentro querendo...
Aí sim... Depois a gente é contente!
Porque não parando a chuva que incide lá fora,
A gente acalma a de dentro da gente.
E a chuva salgada dos olhos,
A chuva de dentro que sai para fora,
Essa garoa feliz ou tormenta triste,
Quente no rosto sorriso,
Quente no rosto tristeza,
Acompanha o estio,
O estio que é a gente...
Enquanto não vem
Estação diferente... Mas sempre chuvosa molhada de mesma.