LER AS MÃOS

Se fechares a mão o que tens?

Uma prisão, um ponto, uma nódoa, uma constrição.

Não consegues pegar nada e nem nada soltar já que nada tens

Mas se a abrires, terá a amplidão do infinito, a liberdade

Os cinco sentidos rabiscados na palma de tua mão e a tua

Vida todinha tá lá escrita por pinceladas de um pintor que não vemos

A leveza, o reverso, aracnídeas mãos tecendo mandalas condominiais

A mímica das mãos toca pianos imaginários com a regência

Do maestro da mente com partituras imaginárias com batuta neuronal

Ninguém começa algo com as mãos fechadas e tampouco as termina

Ninguém as lê se estiveres de mãos fechadas... Quiromancia

Quando fechas, escondes-te de ti e dos outros como um tatu bola...

Dar as mãos é a pedra de toque para testar a liga do amor

Só quando nascemos as trazemos fechadas

Como se estivéssemos querendo nos esconder

Contorcemo-nos, quando queremos bater

E ao fechá-las, socamos com raiva, aquilo que não Conseguimos deter

É como uma fuga, que numa analise mais profunda

Alguém tentou furar o cerco de nossa intimidade

E às vezes é contraditório como tentar segurar

Para nos salvarmos de um afogamento os cabelos

Ilusórios da água. Condicionamos sempre esta atitude mental

Há séculos se condensa dentro de nós

Estendemos as mãos para o novo, estendemos as

Mãos para um novo ser, na esperança de um novo período soerguer

E cruzamos os braços quando estamos intrigados.

Depois tudo ou quase tudo... É um oceano de acenos

É uma expressão, um adeus, uma viagem, uma paisagem

Sempre estaremos com as mãos em forma de leque

Até mesmo na passagem estamos com elas abertas...

Como se estivéssemos deixando pra trás um amanhecer

O tudo da qual pensávamos pertencer

Quando beijas as mãos há uma entrega e uma oração

Uma benção e uma canção... Uma breve confissão!

Que diz mais ou menos isso:

EU ME INTEGRO E TÚ ME ACOLHES

E QUANDO AS RECOLHEMOS VEMOS COMO É POUCA

A BREVIDADE DA ENTREGA...