SE É QUE AMEI
Todos me amaram
Só a um amei,
Se é que amei!
Um amigo me falou
Daquele cachorrinho que cai da mudança
E que qualquer um que lhe fizer carinho, ele gosta.
Acho que caí de um desses caminhões,
Só não lembro em qual mudança.
Trago do berço essa carência?
Fazer análise talvez ajude,
Por isso comecei essa auto-análise.
Tantos chegaram e se entregaram
E meu coração não elegeu ninguém.
Será que tenho coração?
Algo pulsa aqui dentro,
Mas é arrítmico...
Horas bate forte, horas fraquinho, que quase morro...
Mas ainda pulsa
E expulsa também.
Ele é cruel,
É de fel,
É de papel,
Rasga fácil.
E quando penso que estou amando,
Vem o aborto espontâneo.
Talvez a ciência explique,
Freud tenha a resposta,
A medicina tenha o remédio,
Ou a minha sina talvez seja,
Nunca levar ninguém a sério.
Tenho tantos poemas de despedidas,
De saudades,
Doloridos,
Mas não foram verdades...
Pois não sangram mais,
A chama também não arde.
Foi só um alarme falso.
Meu coração é divagante,
Delirante,
Utópico.
Só serve mesmo pra poesia...
Que também não é lá grande coisa.
É só um desabafo,
Uma vã filosofia...
Muitos me amaram,
Só a um amei
Se é que amei!