Veredas do Pensar
Deitando-se pelas camas de pregos
Tripudiando claustrofóbico entre os egos
Mais egocêntricos que a existência conteve
Seguem os pensamentos mais corretos do homem
Feito essas luzes-quasares que brilham e somem
Antes que o medo as conserve...
Soluçando troncho e noturno despido
Atroz memória oculta trago, pois, comigo
Deliberando e denominando as práticas sentenças
Que nebulosas rascunham o juízo final
Deste velho menestrel, réu primário do novo tribunal
Das estradas eternas e vivas, profundamente extensas
E o escopo desta lápide traz em si o seguinte epitáfio:
“Amei, sim, e soube sempre das mensagens no prefácio!”
Até quando a vida ou tu mesmo impedi-lo-á de lê-lo?
E mergulhar no poço das incertezas com a intuição
De que morrer solidário para com a solidão
Refletirá tua imagem nas podres águas feito espelho
Envolta nas vestes mortuárias está a vida
Que alimenta a morte, feito a melhor das comidas
Nesta mortalha, fúnebre alegre está
Vivendo dia após dia rumo à imensidão
Causando à morte a estranha sensação
Da espera transitória pelo sonho que realizará!
Ideais bem mais que outrem foram explorados
Idéias bem mais que o bem formam todos os lados
Que compõem esse fino retrato feito à carvão
Nesta fria tela onde a aquarela não vai repousar
Formando as respostas certas pra não observar
Que confundindo-se a si mesmas confundi-lo também irão
Abandona afugentado um cavalo-de-tróia
Nesta tua impiedosa e escura paranóia
De entender as sombras que a luz projeta
No forro descoberto dessas paredes de barro
-Ah, que inquieta esta noite em claro...-
Pelo medo de dormir nas cercanias anoréxicas
Silenciado pelos segundos eternos
Ciliciado pelos primeiros internos
Sentimentos brutos de nostalgia inexplicável
Admirando-se com os sonhos alegóricos
De seu passado talvez mais categórico
Que o mais renomado rei admirável!
Imparcial, feito a chuva e o vento
Origem fatal deste eterno lamento
Decompor-se-á feito tudo que nos cerca
Acerca de tanto olfato pra sentir tão pouco odor
Conhecido, explorado desse putrefato dissabor
Que no fogo, derrete feito frágil cera...
Pensamentos estes, calados patriotas
Balbuciando razões com palavras idiotas
E escolhendo o mais horrendo dos destinos
Tombando o trem de carga radioativa
Pelas apáticas estradas mais ativas
Que pisarão os pés dos teus amados filhos!
Por séculos dos séculos e milênios
A vida segue em seu catar boêmio
Na fria ignorância dos homens acomodados
Pelo que chamam de justiça divina
Pelos que clamam a justiça da vida
Neste denso negror por vez degradado
Amareladas e carcomidas estas páginas
Que retratam sua vida e as causas
Desse sentimento grotesco que assola-lhe a esperança
Calando os clamores que cortam a calmaria
Proferindo os temores desta vida
E deixando um nó indesatável na tua garganta!
Nada primordial esta obra apócrifa
Que aflige brutal a alma neófita
Nas raízes do ser e daquele será
Será que decifras com teu latim os papiros esquecidos
Nas esquálidas tumbas acercadas de perigos
Em que o corpo do faraó repousará?
Na ânsia cálida do gemido surdo
Por redescobrir-se em qualquer absurdo
E oriundo, despertar seu corpo decomposto
Para reencontrar nas páginas da história
Em tuas tormentas tremidas e orgasmos
Repugnantes trechos de sarcasmo
E a predisposta e pós-recalcada glória...
Dispensada caminha solitária
A alma perante a febre e a malária
Anófele, rei de tal transmissão infecciosa
Prefere remeter-se às escondidas
Lambendo só, a própria ferida
Alcançando sua glória majestosa!
Sólidos, sórdidos, sóbrios e solitários
Os astros do universo e seus notórios
Influentes negativos deste tipo de filosofia e clemência
Pudera meu encéfalo antes de inchar
Na mesa do banquete dos vermes à brindar
Conhecer as relíquias da excelência!
E quando célebre, unirem-se às ilustres palavras
Tais pensamentos de incomparabilíssimas e desbravadas
Mentes brilhantes que pensaram sobre o mundo
Talvez deixem a laia dos impudicos
E desenvolvam ímpares raciocínios
Ante seus próprios e fétidos túmulos!
Tranqüilizado pela certeza do ser
Bem mais além do próprio conhecer
Caminho trêmulo pelos trilhos da ciência
Desprendido pelo invólucro amigo
Esperando que meu idôneo espírito
Retorne à epigénese da existência!