A Noite, O Cadáver
Na noite à hora do açoite
Dos sentimentos frios, dos amores frios
Do brilho dos copos
E dos corpos... ainda frios
Pergunto-me, pergunto-te
Por que deveria perguntar?
Hoje já que sou nada além
Ou aquém...
Daqueles que atravessam as ruas
Solitários, tragados pela noite
Estes drogados, prostitutas
Bêbados, bandidos, mentirosos
E homens de bem.
Escrevo estes versos talvez por desespero
Pelo niilismo de estar
Por apenas não saber
O porquê se é, o porquê da noite
Da brisa que castiga
Com tamanha graciosidade
Ah, penso não poder haver deus mais cruel
Este mesmo que tudo me diz
Em nada responder.
Este medo e desespero, este incondicional amor
Por tudo que já é cadáver.