ALTA DOSAGEM

Sinto que as palavras são medidas

Com a infalível balança das verdades

Ditas sem noções básicas e comedidas

Berço das desculpas e suas variedades.

Quem olhar no rosto verá a marca

Que o tempo em mim plantou

Segredo preso numa linda arca

Que o equilíbrio da mente suplantou.

Os olhos denunciam o sofrimento

Dos efeitos da sua cruel dosagem

Presenteando a titularidade do tormento

Que me invadiu sem fazer sondagem.

O gosto amargo das interpretações

Não contribui para um mundo sadio

As cadeiras suportam as perpetuações

Das vontades de um povo frágil e vadio.

Talvez haja chances de nos encontrarmos

Pois estamos ligados por uma mágica ponte

Se estivermos prontos quando adentrarmos

Desfrutaremos o néctar oferecido pela fonte.

Se a esperança vai resistir eu não sei

Porque quase sempre se perde no final

Os levianos fatos que um dia pensei

Não sobreviveram ao toque do sinal.

Perder-se antes da ida não é volta

Do mesmo ponto de onde estava

A caminhada lenta sempre revolta

Com o pouco tempo que restava.

Antonio dos Anjos
Enviado por Antonio dos Anjos em 26/03/2011
Código do texto: T2872435
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