ALTA DOSAGEM
Sinto que as palavras são medidas
Com a infalível balança das verdades
Ditas sem noções básicas e comedidas
Berço das desculpas e suas variedades.
Quem olhar no rosto verá a marca
Que o tempo em mim plantou
Segredo preso numa linda arca
Que o equilíbrio da mente suplantou.
Os olhos denunciam o sofrimento
Dos efeitos da sua cruel dosagem
Presenteando a titularidade do tormento
Que me invadiu sem fazer sondagem.
O gosto amargo das interpretações
Não contribui para um mundo sadio
As cadeiras suportam as perpetuações
Das vontades de um povo frágil e vadio.
Talvez haja chances de nos encontrarmos
Pois estamos ligados por uma mágica ponte
Se estivermos prontos quando adentrarmos
Desfrutaremos o néctar oferecido pela fonte.
Se a esperança vai resistir eu não sei
Porque quase sempre se perde no final
Os levianos fatos que um dia pensei
Não sobreviveram ao toque do sinal.
Perder-se antes da ida não é volta
Do mesmo ponto de onde estava
A caminhada lenta sempre revolta
Com o pouco tempo que restava.