POETA SEM AMOR
Que amargura resvala em meu coração.
Como um colibri sem o néctar,
Tal qual a abelha para fazer o mel.
Por que como o espelho reflete a minha imagem
Quem me ama por igual não sinto?
E, se alguém eu amo, por que a mim não ama?
Dai-me, Bom senhor Deus, alguém para amar!
Que reluza por minh’alma o jorro de sangue do meu amor.
Faça com que me rubre a tez, por estar passional por alguém.
Que entonteça e embriague-me em volúpias seios
De fresco aroma de frutas e flores.
Dar-me-ia amor, se assim soubesse fazer.
Como não sei, finjo saber para que outros não vejam meu segredo.
Tinjai o meu corpo com vermelhos e louros cabelos
Para que da desvairada cobiça pela amada que amo (se é que amo eu a alguém) não me envergonhe.
Da tristonha enxaqueca que as veias de minha cabeça latejam rumores
Tambores que de meu peito rugem.
Pena que não caibo no meu amor (se sei o que é amor e se o tenho),
Pois sou fraco de carne e nervos.
Quero dizer-me poeta por apenas escrever baboseiras de amor.
Poeta sem amor!
Como posso se não o tenho e nem o sou?
(09/2002)