ASAS MUTILADAS(de Hernán Javier Piñeiro) e (adaptação de Tânia Meneses)
Voando vou e venho
E assim voando me entretenho
Mandam-nos voar
São papéis que voam para então podermos voar
Voamos também para documentos atestar
Bagagens vão e voltam, que coisas conterão?
Matamo-nos voando
Amamos voando
Voamos para amar
Voamos para nos avistar
Amamos voando
Voamos para amar
Amamos voar
E voamos por dinheiro para outra vez voar
Voamos no desejo de que chegue o que compramos
E que, inclusive, vem voando
Sonhamos voando
Voamos sonhando
Sonhamos voar
Arrebentamos o corpo e a mente para voar somente
Vivemos voando
E mais engenhos voadores inventamos
Procuramos no firmamento os discos voadores
Escrevemos com a mente voando
Imaginamos o Nosso Senhor voando
Enviamos o alimento voando
Corremos tanto e tão velozmente pela vida
Quase como se estivéssemos voando
E ela, a vida, esvai-se e nós voamos
Mas nada fazemos pela terra em que pisamos
Será por que temos a força da gravidade?
E se tivéssemos asas, poderíamos, então, voar?
***
Alegra-me e muito a participação do colega ESTANISLAU:
Vivo voando com Tânia
ora aqui ora na amozônia
em Espanha um voo de decepção
que partiu seu coração
mas Tânia recuperou
e novo voo alçou.