QUEM ?
QUEM ?
Elane Tomich
Quem perverteu,
mais do que eu,
a rósea rotina
da minha sina
e sem receios
ordenhou meus seios?
Quem descobriu a fonte
água dos montes
e se alimentou
da minha nascente?
Quem me chamou do céu
com a razão doente
desfez-me dos véu,
de um verão -inverno
no mesmo lugar
onde mora o inferno
deixou-me, deixar?
Quem me deitou na grama
levantou-em a saia
rasgou-me a cambraia
rolou-me na lama
qual lençol de linho
com goma ecarinho
e depois do amor
roto e rasgado?
A quem, invasor de mim
permiti o assalto
rasgando-me sins
mal contados
rolando-me em ninhos
nos galhos mais altos
em ais me engasgava?.
Quem me grilou a terra
em morna e mansa guerra
trincheira na serra
luta de sentidos?
Quem no meu segmento
plantou o alimento
que me sustentou?
Quem me deixou parada
olhando a estrada,
sem remorso ou dor
com a alma emperrada,
desejando quem,
fingindo desdém
súplica de amor
em igual empreitada?