CABEÇA MALDITA

Esta cabeça perdida.
Busca força a cada dia.
Na lembrança dos que foram.
Eles ancoram na minha existência.
Para ainda deixar marco nesta falência.
E eu não tenho mais a benção.
Não choro pelas quedas.
E amo toda a ascensão.
Um cão, eu sou um cão.
Que me vale entender toda a minha mente ?
Que adianta ter em mim toda a Personalidade e Criatividade ?
Até agora isto é nada para vocês e para você.
Ela me leva, ela a mim reza.
Faz, trás, desfaz.
Já entendi o que não os outros.
Mas quando nisto haverá um encontro ?
Se um deles, pelo menos onde estive, passou ?
Eu poderia saber que não um a parte sou.
Mas ela não aparece, mas ela não vem.
Quem o que eu tenho tem ?
Não é orgulho nem tristeza.
É solidão e falta de tocar a beleza.
Pois de nada adianta só que eu a veja.
Eu não posso, eu tenho.
Cabeça maldita.
Que me chegou num dia.
No alto do prédio da cultura na parte de geometria.
Quando eu via e pedia a aquela igreja.
E via e desistia de combater aquela tristeza.
E não atendido, e não conseguido.
Ela me veio.
Como saindo daquele juramento.
De nunca ser cristão enquanto estiver vivendo.
E não sabia que perderia tanto.
Não sabia o que era não chorar em pranto.
Cabeça maldita.
Da maldição não me tira.
Tenho o que pensava.
Paguei pelo que naquele momento pecava.
Mas parece que ainda ontem eu pequei.
Não é verdade.
Eu me encontrei, eu levantei, eu em algo acreditei.
Tudo com a cabeça.
Mas eu não sabia que a cabeça era maldita.
Agora já me reconciliei, ajudei e achei.
Quero amar, quero achar, quero tocar.
Quando noto que antes de tudo eu tocaria.
Depois, nunca, nunca mais toquei.
Amei, sonhei, mas dela, nisto nada ganhei.
Cabeça maldita.
Me dá um só dia.
Para poder entender amar.
É só isto que falta, é só isto que falta.
Mas só isto já é demais.


19 de fevereiro de 1.976
bairro Tucuruvi - São Paulo