Certas janelas...
A decisão de abrir portas e janelas, deixar o sol entrar.
Iluminar, aquecer, esterilizar e tranqüilizar. Fim das horas escuras,
da espera infinda, da conquista inalcançada.
Hora de dar as mãos para os dias da vida, dias claros de esperança,
dias intensos de coragem, dias plenos de renovação.
A vida em vezes nos dá respostas desentendidas, ou as que a gente
se recusa a crer. Havia adornado todo um altar, centro de seus anseios e vigília, mesmo que a vida gritasse, esgoelasse, seguia na surdez escolhida.
Então o tempo, sempre o tempo, paciente e lento instrutor, acorda um
dia e a desperta. Mostra-lhe o chão, as suas coisas e até um botão no
seu jardim.
E sempre esteve tudo ali, sempre tão perto, sempre palpável. Tudo tão
simples, a realidade. Treinou-lhe os olhos de olhar adiante, lá no longínquo, e trouxe-os para sua volta, a reparar e reconhecer, que lá bem longe, no olhar perdido, não era além, nada mais além, do que havia na sua vida, desdenhada e esquecida.
m.raposo*