Interrogações implícitas

Quantos passos você já deu para percorrer os quilômetros de sua busca?

E quantos livros você já leu para conceber os pilares do seu conhecimento?

Uma poesia para o autoconhecimento – as interrogações estão implícitas

Quantas vezes você falou

Para persuadir um amigo

Ou, quantas vezes ouviu

Para ficar persuadido

Quanto dinheiro gastou

Para consumir e desperdiçar

E quantos valores poupou

Para um grande ouro comprar

Quantos remédios tomou

Para as enfermidades passar

E quantas você simulou

Os sintomas da dor de odiar

Quantas vezes você esqueceu

Algum problema normal

Mas, quantas vezes morreu

De um sofrimento moral

Quantos conceitos aceitou

Por em algo acreditar

Mas, quantas vezes calou

Para não disputar ou brigar

Quantos filmes já viu

Para incitar sentimentos

E quanto de evento surgiu

Sem nenhum contentamento

Quantos degraus subiu

Para algum destino chegar

E quantas vezes caiu

Para, só depois, acordar

Quantas vezes amou

Para, louco de amor, desfrutar

Mas, quantas vezes beijou

Apenas para brincar

Quantas vezes trabalhou

Para um projeto alcançar

E quantas você descansou

Para, em coisas inúteis, pensar

Quantas vezes comeu

Para conservar sua energia

Mas, quantas vezes ingeriu

A seco, sua agonia

Quantas vezes chorou

A intensa melancolia

E quanto de medo sentiu

Quando viu a vida vazia

Quantas vezes sonhou

Com alguém de uma fantasia

E quantas vezes desperto

Odiou o seu dia a dia

Quantas vezes se vestiu

Para ir onde queria

Mas, quantas vezes trajou

De disfarce, o que sentia

Quantas pessoas conquistou

Para seu modo alegre viver

Mas, quantas você tolerou

Por preceitos do seu dever

Quantas verdades falou

Para uma ideia vencer

Mas, quantas mentiras contou

Para poder se defender

Quantos sorrisos já deu

Para enganar o próprio desgosto

E quantas lágrimas ocultas

Gotejaram dentro do rosto

Quantas cartas escreveu

Esquecidas em paixões do acaso

E quantas vezes perdeu

A esperança sutil do passado

Quantas pedras jogou

Para o próprio vento acertar

E quantas nuvens voou

Para, simples, poder ver o mar

Fábio Alvino
Enviado por Fábio Alvino em 25/03/2011
Reeditado em 28/03/2011
Código do texto: T2870064
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.