Interrogações implícitas
Quantos passos você já deu para percorrer os quilômetros de sua busca?
E quantos livros você já leu para conceber os pilares do seu conhecimento?
Uma poesia para o autoconhecimento – as interrogações estão implícitas
Quantas vezes você falou
Para persuadir um amigo
Ou, quantas vezes ouviu
Para ficar persuadido
Quanto dinheiro gastou
Para consumir e desperdiçar
E quantos valores poupou
Para um grande ouro comprar
Quantos remédios tomou
Para as enfermidades passar
E quantas você simulou
Os sintomas da dor de odiar
Quantas vezes você esqueceu
Algum problema normal
Mas, quantas vezes morreu
De um sofrimento moral
Quantos conceitos aceitou
Por em algo acreditar
Mas, quantas vezes calou
Para não disputar ou brigar
Quantos filmes já viu
Para incitar sentimentos
E quanto de evento surgiu
Sem nenhum contentamento
Quantos degraus subiu
Para algum destino chegar
E quantas vezes caiu
Para, só depois, acordar
Quantas vezes amou
Para, louco de amor, desfrutar
Mas, quantas vezes beijou
Apenas para brincar
Quantas vezes trabalhou
Para um projeto alcançar
E quantas você descansou
Para, em coisas inúteis, pensar
Quantas vezes comeu
Para conservar sua energia
Mas, quantas vezes ingeriu
A seco, sua agonia
Quantas vezes chorou
A intensa melancolia
E quanto de medo sentiu
Quando viu a vida vazia
Quantas vezes sonhou
Com alguém de uma fantasia
E quantas vezes desperto
Odiou o seu dia a dia
Quantas vezes se vestiu
Para ir onde queria
Mas, quantas vezes trajou
De disfarce, o que sentia
Quantas pessoas conquistou
Para seu modo alegre viver
Mas, quantas você tolerou
Por preceitos do seu dever
Quantas verdades falou
Para uma ideia vencer
Mas, quantas mentiras contou
Para poder se defender
Quantos sorrisos já deu
Para enganar o próprio desgosto
E quantas lágrimas ocultas
Gotejaram dentro do rosto
Quantas cartas escreveu
Esquecidas em paixões do acaso
E quantas vezes perdeu
A esperança sutil do passado
Quantas pedras jogou
Para o próprio vento acertar
E quantas nuvens voou
Para, simples, poder ver o mar