ROSAS NO DESERTO
ROSAS NO DESERTO
Elane Tomich
De tanto em mim ficares
fez-se paz em meus pesares.
Esperando igual menina.
mistifico a esquina.
Teu assobio vizinho
quebra-me a taça de vinho
Entornas os teus cantares
em mim, apesar dos pesares.
Teu incenso de querer
de homem, defuma a mulher.
No andar desengonçado
teus braços dançam errado
Tuas mãos me escrevem certo
no ponto em que me liberto.
Acho em teu peito-horizonte
prazer que, de ti, me escondes.
Na festa de quando chego.
exercitas o aconchego
Perito em quebrar regras
quando, em mim, te esfregas
Ligas cabeças de pontes
enquanto escalo teus montes.
A gente se abre ao meio
nas fendas do meu recheio.
Praticas estranha alquimia
bebes uísque e magia
De mulheres, iguarias
cozinhas filosofia.
Desavergonhas manias
decretando tua alforria.
Bebes nas cercanias
minha paz em poesias.
Tocaste no ponto ativo
de um sentimento cativo
Se falo, paras pensativo
não ouço e te como vivo.
Bem sei o quanto é incerto
amar-te ao longe como perto
Teus olhos vagam a esmo
rodopias em ti mesmo
De amor suposto, decerto,
planto rosas no deserto.