IMAGINAÇÃO REAL (um ensaio em Portinari)
Pelos murais a vida corre
como sangue a alimentar as
veias
e o chão e as palavras
os braços e a imagem
passeiam pelos olhos do povo,
o silêncio a explicar
pelo cheiro do café
na saca das costas rude,
a saga do mudo povo a
sofrer.
Ao longe surge um enterro,
a ladainha já se ouve
a memória foi enterrada
a matéria já evaporou
com o suor a correr pela
face
inerte, seca na foto da
tristeza.
O silêncio grita nas margens
do sossego,
A morte fala de dentro do
espelho
Pelos raios do sol,
O homem indiferente engana
a fome
E caminha pelos passos de
Ferro do sobrevivedor.