Tinha dois dedos de poeira
As lembranças que fui visitar
A vida toda mofava inteira
Tinha uma certa dor no olhar
Não era mais este o lugar
E eu sabia de certa maneira:
Não era ainda hora de voltar
Essa noite um sonho estranho
A rua tão apinhada de gente
Todos aqueles rostos de antanho
Todos a me olhar diferente
Era uma solidão sem tamanho
Que eu nem parecia gente
Ali ninguém me reconhecia
E eu conhecia todo mundo
No entanto ninguém me via
No silêncio mais profundo
Eu só sei que escurecia
E eu morto ou moribundo
Vagava perdido desconsolado
No mundo eu não mais vivia
Tinha uma sombra ao meu lado
Que na desdita me seguia
Dizia que eu tinha sonhado
Que agora morto ainda vivia
Acordei e nada mais eu vi
No fundo da alma um arrepio
A morte próxima eu senti
A cabeça cair em rodopio
Adormeci de novo quando vi
A alma carregada por um rio
Entre a vigília e o sonho
O estranho pressentimento
Todo momento é medonho
A vida não passa dum momento
Como os versos que componho
Ainda em sonho e sem tempo
As lembranças que fui visitar
A vida toda mofava inteira
Tinha uma certa dor no olhar
Não era mais este o lugar
E eu sabia de certa maneira:
Não era ainda hora de voltar
Essa noite um sonho estranho
A rua tão apinhada de gente
Todos aqueles rostos de antanho
Todos a me olhar diferente
Era uma solidão sem tamanho
Que eu nem parecia gente
Ali ninguém me reconhecia
E eu conhecia todo mundo
No entanto ninguém me via
No silêncio mais profundo
Eu só sei que escurecia
E eu morto ou moribundo
Vagava perdido desconsolado
No mundo eu não mais vivia
Tinha uma sombra ao meu lado
Que na desdita me seguia
Dizia que eu tinha sonhado
Que agora morto ainda vivia
Acordei e nada mais eu vi
No fundo da alma um arrepio
A morte próxima eu senti
A cabeça cair em rodopio
Adormeci de novo quando vi
A alma carregada por um rio
Entre a vigília e o sonho
O estranho pressentimento
Todo momento é medonho
A vida não passa dum momento
Como os versos que componho
Ainda em sonho e sem tempo