MEMÓRIAS FRENTE A UM ESQUIFE
“Eu faço versos como quem morre...”
Manuel Bandeira: poema DESENCANTO, Teresópolis, 1912.
Esgorja-me o tormento torpe
de me saber tão pequeno
para a rediviva clausura dos vivos.
Por poeta, aprisiono imagens
com olhos lassos.
Aprisiona-me o momento
e nestes encontros sempre morro
um pouco.
Só os amigos
– os loucos que tenho –
são retratos em que me espelho.
E tu, depois de trinta anos,
que me olhas de olhos fechados,
mãos deitadas sobre o peito?
– Do livro BULA DE REMÉDIO, 2006/2009.
http://www.recantodasletras.com.br/poesias/286744