MONOSTRÓFICO URBANO

Percorro as ruas, avenidas largas,

aos tons noturnos, louco fervedouro,

entre motores, luzes, sobrecargas

do caos-cidade-abismo, um sorvedouro.

Carrego o peso, preso nas ilhargas,

do meu viver soturno, em vil desdouro,

a procurar, nos bares, por adargas

tão ilusórias: álcool, fumadouro...

Atado ao nada, em carnes tão amargas

prossigo em solidão, entregue, mouro

dos crus apelos físicos, recargas.

E vago em desnorteio, tal besouro...

Enfim desisto e volto às minhas bargas,

anseio achar o meu real tesouro!

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 24/03/2011
Reeditado em 24/03/2011
Código do texto: T2867304
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