((((::::SAUDADE DE PEDRA::::))))
Ah, todo cais é uma saudade de pedra!
Duma grande cidade meio desperta,
Entre coisas reais e pedras de almas,
vestígios de silêncios rumorosos nas antemanhãs,
O mistério de cada ida e de cada chegada...
A dolorosa instabilidade, o soluço absurdo
- O medo ancestral de se afastar e partir,
Uma oca saciedade de minutos marítimos,
E treme em mim tudo, toda a carne e toda a pele.
Ah, as linhas das costas distantes, achatadas pelo horizonte!
Minhas sensações são um barco de quilha pro ar,
uma ancora meio submersa, um remo partido...
Dos naufrágios, as viagens, as travessias perigosas.
Escuto-te daqui, agora, e desperto a qualquer coisa.
Estremece o vento. Sobe a manhã...
Meus olhos conscientes dilatam-se.
O êxtase em mim levanta-se, cresce, avança.
E com um ruído cego, parti o mundo em vermelho!
Permaneço sentada, estática, regrada!
Fogo, fogo, fogo, dentro de mim!
Desejo abandonar o cais e pôr no mar, ao vento: a minha vida!