Campo Santo
Aqui o Homem jaz.
Viver ou morrer tanto faz,
pois de tudo é incapaz.
Acabou em pecado,
já que fez o que não se faz,
mas nem isso lhe trouxe a paz.
Porque que Ares a levou,
a pomba branca não voou
e o canhão nunca calou.
Veja-se o que sobrou
do sonho que se sonhou.
E o pior é que ainda existe
o Coronel da Indústria falida.
O homem que fazia Sofá e o Divã
onde se esbaldaram Freud e Lacan.
O resto? Vê-se amanhã.
Jaz aqui o Homem.
Feito à imagem e semelhança
do deus da pajelança.
Gorda de estourar a balança
é Kali, sedenta de vingança
e do doce da criança.
Morra sim Homem que aqui jaz.
É o melhor que se faz.
Livre-se do amor não correspondido,
do queixo duplo e caído
e do coração partido.
Aqui é o "Samba do Crioulo Doido".
Ou como se diz agora,
do afro-descendente sem dia, nem Aurora.
Um "di menor" abandonado,
por alguém que se diz abastado
e o manteve subjugado
como boi aguilhoado.
Mundo Matadouro do boi de carro
e da cultura do escarro.