Ausência

É como se eu saísse

de dentro de mim mesma

ou, quem sabe,

é como se eu nunca

estivesse estado lá.

É um vazio, mas não é uma falta.

Porque a falta pressupõe

uma perda;

e a ausência não é perda.

É um banco vazio na praça

num dia de chuva,

lugar que de fato ninguém deve estar.

A ausência, de fato,

é uma presença que esqueceu

de se fazer anunciar

ou que não aconteceu

como uma espera que sabemos que

nunca chegará.

Barbara Bittencourt
Enviado por Barbara Bittencourt em 22/03/2011
Reeditado em 22/03/2011
Código do texto: T2864393