APENAS AS LEMBRANÇAS
(Esses humores dos domingos...)
I
Os fins de tarde como este
Nublado e frio, melancólico
Em que parte da vida cabe
Essa tamanha melancolia?
Aquelas músicas celestiais
Que ouvíamos de pé no chão
Essas nossas músicas
Eu não queria...
O cheiro de incenso no ar
Eu não podia...
A casa assim vazia
Eu não sabia que doía
As emoções fazem um silêncio atroz
Elas são quase nada sem nós
A casa mais se esvazia
A alma vadia, também vazia
Não devia deixar rastros
E ser perseguida pelas lembranças
Nem ser torturada pela saudade
De uns tempos atrás, lá atrás
Que parece que nem houve
Parece um sonho ido, tido
E findo, um sonho lindo...
E, como sonho, partindo
Deve ser meu conto de fadas
Ou o fado a me atiçar a imaginação
As lágrimas não confortam
Nem garantem a piedade
As dores não importam
Mesmo doendo de verdade
Nada mais importa, nada mais
A beleza daqueles dias
Paira ainda no olhar
Como ilusões aprisionadas
Em certas fotografias
E é só, só isso é estar só
Música e silêncio
Cheiro e saudade...
II
Os poemas que escrevo
Não inventam o amor
(Talvez o amor invente os poemas...)
A poesia não cala
Exala a força dessa dor
E não reiventa nenhum amor
Não sustenta nenhum olhar
Nem a voz de nenhum de nós
A poesia não faz nada a não ser
Somente o que é
A poesia é essa dor
(E doer é escrever...)
E essa dor é de amor
A noite entra
Tua ausência se instala
Tem um abismo na sala
Onde toda palavra cala
A noite entra e fere
Um punhal no meio do peito
E eu me deito só
O sonho não vem
A ilusão também
Não vem ninguém
Pra dizer dessa loucura
Dessa insana procura
Desse mal sem cura
E eu ando às cegas
Carregando minha sombra
Tão mal feita de desesperos
E não espero essas palavras
Irem te beijar no silêncio
Onde sempre vão te buscar
Nem te acordar da morte
Do amor...
As palavras vagam perdidas
Porque não estão mais vivas
E essas palavras mortas
São agora tudo o que tenho
Do amor que não tenho mais
(Esses humores dos domingos...)
I
Os fins de tarde como este
Nublado e frio, melancólico
Em que parte da vida cabe
Essa tamanha melancolia?
Aquelas músicas celestiais
Que ouvíamos de pé no chão
Essas nossas músicas
Eu não queria...
O cheiro de incenso no ar
Eu não podia...
A casa assim vazia
Eu não sabia que doía
As emoções fazem um silêncio atroz
Elas são quase nada sem nós
A casa mais se esvazia
A alma vadia, também vazia
Não devia deixar rastros
E ser perseguida pelas lembranças
Nem ser torturada pela saudade
De uns tempos atrás, lá atrás
Que parece que nem houve
Parece um sonho ido, tido
E findo, um sonho lindo...
E, como sonho, partindo
Deve ser meu conto de fadas
Ou o fado a me atiçar a imaginação
As lágrimas não confortam
Nem garantem a piedade
As dores não importam
Mesmo doendo de verdade
Nada mais importa, nada mais
A beleza daqueles dias
Paira ainda no olhar
Como ilusões aprisionadas
Em certas fotografias
E é só, só isso é estar só
Música e silêncio
Cheiro e saudade...
II
Os poemas que escrevo
Não inventam o amor
(Talvez o amor invente os poemas...)
A poesia não cala
Exala a força dessa dor
E não reiventa nenhum amor
Não sustenta nenhum olhar
Nem a voz de nenhum de nós
A poesia não faz nada a não ser
Somente o que é
A poesia é essa dor
(E doer é escrever...)
E essa dor é de amor
A noite entra
Tua ausência se instala
Tem um abismo na sala
Onde toda palavra cala
A noite entra e fere
Um punhal no meio do peito
E eu me deito só
O sonho não vem
A ilusão também
Não vem ninguém
Pra dizer dessa loucura
Dessa insana procura
Desse mal sem cura
E eu ando às cegas
Carregando minha sombra
Tão mal feita de desesperos
E não espero essas palavras
Irem te beijar no silêncio
Onde sempre vão te buscar
Nem te acordar da morte
Do amor...
As palavras vagam perdidas
Porque não estão mais vivas
E essas palavras mortas
São agora tudo o que tenho
Do amor que não tenho mais