Soldado do aMar
Noite a dentro, adentro na escuridão,
Na mata fechada de uma selva de pedras
Aonde os animais correm soltos, atrozes, dentro de mim
Dobro esquinas e sigo sozinho
Perdido no tempo e espaço de uma batida do meu coração
Não sei que rumo tomar, e nem aonde eu poderia chegar
não tenho nem ao menos noção sobre o q eu deveria pensar...
A cada janela, a cada vidraça
Vejo um rosto maltratado, cansado de tanto chorar
Será que é o meu? O que será que aconteceu?
O mundo calou, cansou e adoeceu?
Continuo com minha marcha
não posso parar e simplesmente descansar,
não posso nem ao menos lembrar o que aconteceu
Apesar do vazio, do estranho vazio
Nas ruas de uma grande cidade...
e do frio..
Casas em ruínas, prédios em pedaços
Sinto ainda como se o chão nunca fosse parar de tremer
- Para onde diabos estou indo?
É o que volto a me perguntar.
Apenas sigo meus instintos.. Deixo a emoção me guiar
De repente, não mais que de repente
Em um raro momento de lucidez
Sinto de leve uma dor...
E no estômago, um estranho calor
E o calor que aumenta, junto com inigualável dor
E sem mais e nem menos, novamente o nada, o torpor...
Levei a mão até onde doía
E não entendi a paisagem que eu via
Em uma bela e solitária praia eu chegava
Onde as ondas se misturavam ao vermelho
Que escorria de minhas entranhas... agora eu entendia..
Era por isso que doía... a vida de mim se esvaía
De joelhos na areia,
Um pouco de consciencia retornava
Os gritos e o calor, os estilhaços e a dor
E aquela promessa, em minha mente pulsava
Lembrei, que em meu bolso havia uma aliança
A sua aliança... a nossa aliança
Coloquei-a no dedo mindinho, enquanto de leve eu a beijava
Assim como a ti, eu beijava, minha bela e doce amada...
A nossa promessa, que não pude completamente cumprir,
Acabar nossos dias em uma pequena cabana junto ao mar...
Em meio as lágrimas, lembrei de te ouvir dizer
que se ao combate eu voltasse, poderia não voltar...
e não vou voltar...
Sei que o fim se aproxima
Vejo que o sol já está a se pôr...
Nosso último pôr-do-sol, meu amor
Infelizmente em meio a tanto sofrimento e dor.
E quanto à promessa?
não a esqueci...
Pois mesmo meu corpo, jazendo aqui,
Meu coração e meu pensamento, só existe em ti
E em ti ainda existo...
Em você, ainda sou vivo...
Em carne, hoje morro no mar,
Em todo o resto, estarei em todo e qualquer lugar
desde que tu queiras me encontrar.
Ao seu lado, a te proteger e a te amar
A eternidade é pouco, se preciso for, para te esperar
E quem sabe um dia te encontrar
Denovo te tomar nos braços
e dizer mais uma vez tudo aquilo que você já está cansada de saber.
Satisfeito, fecho os olhos
Ouço apenas o barulho do mar
E então não ouço mais nada
O silêncio, a ausência, e o cessar
É o fim de um ciclo,
O fim de um cara qualquer, que só pensava em te amar.