A SEGUNDA MORTE DE NARCISO
Um dia Narciso
Querendo encontrar
Uma outra forma
De se admirar
Subiu em montanhas
Navegou no mar
Rondou as estrelas
Sondou o luar.
Vagou no universo
E nada encontrou
Volveu céu e terra
Não se conformou
Passou rente ao poço
Mas não se atirou
Sozinho pra casa
Chorando voltou.
Fechou-se por dentro
Com tábuas e pregos
Gravou nas paredes:
"Vida eu te nego!"
Deixou para o mundo
O reflexo do ego
Sem ter se encontrado
Morreu louco e cego.