A SEGUNDA MORTE DE NARCISO

Um dia Narciso

Querendo encontrar

Uma outra forma

De se admirar

Subiu em montanhas

Navegou no mar

Rondou as estrelas

Sondou o luar.

Vagou no universo

E nada encontrou

Volveu céu e terra

Não se conformou

Passou rente ao poço

Mas não se atirou

Sozinho pra casa

Chorando voltou.

Fechou-se por dentro

Com tábuas e pregos

Gravou nas paredes:

"Vida eu te nego!"

Deixou para o mundo

O reflexo do ego

Sem ter se encontrado

Morreu louco e cego.

Gilberto de Carvalho
Enviado por Gilberto de Carvalho em 09/11/2006
Reeditado em 14/08/2009
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