Construção

Ergo catedrais enquanto durmo

Sem algemas encontro caminhos

Entre grades amanheço

Debruçada no meu travesseiro de pedras

Se clamo por liberdade

Arrastando pesada corrente

Fica distante o horizonte

Torna sofrido o presente.

Ergo catedrais enquanto vivo

Prevendo melhores dias

No caos de novo me encontro

Mergulhada em demasia

Numa esperança mórbida

Numa vontade vazia.

Ergo catedrais enquanto sonho

Romper as amarras contidas

Em pequenos flashes concretos

De uma realidade escondida

Na ridícula humana certeza

De que as catedrais construídas

Serão finalmente o túmulo

De onde não há saídas.

Perpétua Amorim
Enviado por Perpétua Amorim em 08/11/2006
Código do texto: T286026