AUTENTICIDADE (para poucos)
Para muitos a vida é inexistente
Pra quem não a vive de verdade!
É como tentar pegar estrelas de dia
Ou um gato que de noite não miara
Ou peixes no deserto do Saara...
É tudo rabiscado pelo presente da noite
Que trás seu brilho diamantino à frente
Da cortina negra da qual nasce o caos
Sagrado em sua essência!
Para que a ordem seja estabelecida
É preciso desordem, desalinho, motim
Depois da tempestade vem a bonança
Depois do temor a esperança... A temperança
É uma criança desvalidamente descartada
Volta do embalo na vala... Navalhadas da vida
Somos fantoches de nós mesmos
Tantos “achismos” e opiniões, tantos chistes...
Todos fazem parte do mesmo dilúvio de impropérios
Somos apenas acrescidos de rotinas e mistérios
A sabedoria do dia a dia da poesia nos ensina
Vivemos incorporados
Uns nos outros de tarde
De noite ou de dia!
Ou a nos vigiar ou a nos apontar o dedo da hipocrisia
O resto é heresia!
Romaria, sono e a inércia do sorriso
Na fotografia...