O MESTRE, O SOL, O RIO E EU
O MESTRE, O SOL, O RIO E EU
O mestre mira o sol
Ao lado de um caracol
Sem perceber os minutos
E os mosquitos diminutos
O riacho tem um ritmo manso
Até ajuda o mestre no descanso
O som do movimento é consecutivo
Ao observador isso é nada educativo
O mestre ouve o riacho
Deixa de lado seu diacho
Nossa Terra ouve o Sol
E é ouvida pelo caracol
E eu aqui estou prisioneiro
Vejo o riacho do mosteiro
E eu aqui estou prisioneiro
Penso no sol e seu roteiro
Tenho apenas a luz da vela como amiga
E o vento a sobrar pela fresta à cantiga
O guarda de meu cárcere é uma gárgula feliz
Crê que vive o amor que morreu sob seu nariz
E penso no mestre
Na vida campestre
Na água do riacho
E se caracol é macho
Imagino os pés do mestre no regato
O sol a queimar a face e caracol no mato
E a água a correr o mundo a girar
E a minha mente não consegue parar
E vejo que queria a paz
E o sol e água que refaz
Mas tenho vela a trepidar
E um iludido a me irritar.
André Zanarella 12-02-2011