HOJE É O PRIMEIRO DIA DO RESTO DE UM SEGUNDO
E tu nele corres contra o tempo
Pois nele
Queres dar
Todo o amor do mundo
Hoje é o primeiro dia do resto de um segundo
Porque te falta o ar
Sem o qual não consegues
Ou não queres respirar
Lês um livro
Num tempo fenomenal
Recordas apenas o sentido das palavras
Porque o resto
Não é
Mas deveria ser fundamental
Vês as diferentes estações
A passarem como se fossem só uma
Tens frio, fome
E uma sensibilidade de enfartar
Porque não consegues o domínio
Das sensações que te estão a descontrolar
Só vês nuvens no lugar do sol
Pois o tempo não te dá
Um motivo
Para a tua tristeza se console
Jogas mil vezes
Num jogo cujo tempo está a acabar
Sabes que vais perder
Mas também
Não vais ter tempo
Para te viciar
Olhas os pássaros
Num voo parado
Bem como as borboletas
Nesse estranho espaço tempo
Onde nada se passa
Onde nada se tem passado
Nasces uma vez
Com a estranha
E ambivalente sensação
De um milhão
Sorris
E és feliz
Pois não tens tempo
Para a eterna
E preocupante desilusão
E amas
Hó como amas
Com a efervescência
Dum milhão de sois
Mas ficas só
E sabes como dói
Por ninguém compreender
O que te consome a alma
As estrelas talvez o fizessem
Talvez te dessem a calma
Mas elas
Neste estranho tempo
São actrizes
Que não passaram no casting
Ficaram para outros filmes
Sem legenda
No qual
Ninguém entende o que dizes
Ou o que queres transmitir
Resta-te o prazo
Que te falta
Para na estrada do futuro
Prosseguires
Longa maratona
Para a qual inspiras bem fundo
Talvez não vás sozinho
Neste que é
Hoje é o primeiro dia do resto de um segundo