O POETA E O CARRASCO

O POETA E O CARRASCO

Não sei se lembras

Mais de mim como poeta

Ou como um carrasco

Mas saiba que minha virtude

Ou meu erro

É não saber distinguir qual o frasco

Que uso pra me perfumar

Por vezes me embebedo de poeta

E saio a versejar

Noutra pingo o odor feroz do carrasco

E dou golpes em todo canto e lugar

Acho que por medo

Acho que por inconsistência

De não saber de que estirpe eu sou

Minha forja foi perdida

Meu mundo está em decadência

Por isso que ponho a armadura

Pego o machado

E decepo as cabeças que se põe a frente

Mas percebo o quão sou nocivo

O tanto sou permissivo

Em deixar mais de um que de outro aflorar

Não me culpe por desatinos

Só fiz o que fiz por ser menino

Banco o homem ser

Mas se por acaso meu crime

É pior que o que me redime

Deixo-te um verso pra te amolecer

'És na poesia que te louvo

É no amor que te absorvo

É na vida que quis ter

E pra ser poeta de novo

Solicito seu perdão e me envolvo

Num dobrar de joelhos a me derreter

E em seus cabelos me embrenharei

Me suas mãos tecerei

Mais versos do que você pode crer

E sem dó nem piedade

Peço de você a verdade

Amas-me mesmo algoz por vezes

Eu estando a ser?'

Arqueirorj
Enviado por Arqueirorj em 18/03/2011
Código do texto: T2856850
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