Dos Guardados no Tempo
Preciso mais desse silencio
secretamente trancafiado
em vários de meus meios bastidores.
Que esse meu íntimo absoluto
grite aos quatro ventos
a que e por que veio,
por quais e de onde me vem
todos esses indissolutos olores.
Preciso encarecidamente
um naco de tempo, que se há desprendido
voraz e tardio já no inicio e término de mim.
Que descortine desse meu meio
avesso, direito, roto, sombrio,
a parte meio morna do morno meio que sou,
uma minha metade, pálida e fria
já rumando ao incontestável fim.
Preciso de altivos olhos
cuja alegria me transgrida algo no ser.
E sendo, não sendo, descubra
algo recém intercalado
entre meu próprio tempo e espaço.
Algo que me seja visível e acabado,
um todo dotado de partes plenas
e me justifiquem as ações paradoxas
elencadas nesses fatos inexatos.
Preciso de passos claros, estrada clara
Preciso mais um claro raiar da alvorada
para solidificar tão sonhadas flores.
Preciso calor, preciso sabores
que apeteçam a passar mais um dia
e encantem meus olhos descrentes
silenciosamente gastos, sonolentos, ausentes
findando o alcance dessa 'inda caminhada.
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