É Assim No País do Carnaval...

Ele chegou...

Calmamente analisou o ambiente...

Paralisou o trânsito, o horror...

Fez erguer da cama o doente...

Desligou o televisor...

O clima era chuvoso...

O clima era nervoso...

De fervor...

Havia infiltrações nas paredes...

Insetos...

Mortificações, fantasias e idolatrias...

Há dias a comida em casa era escassa...

A filha estava quase que só a carcaça, pobrezinha...

Mas estava estudando...

E ao futuro ia se amparando...

O cão ladrava um latido estridente, estranho, demente, de estourar tímpanos...

O cão era pequeno e louco; babava vez por outra pelo canto esquerdo da boca...

Tinha um olhar de espanto...

Já ele, queria apenas um pouco de alegria...

De sol a sol labutava, labutava e sucumbia...

Para isso, trouxera um terço de litro de pinga e uns trapos que, como dizia e sorria, eram sua fantasia...

Os problemas, que há tempos o consumia, naqueles dias davam a impressão que nem sequer existiam...

E até a mulher, que outrora venerava como santa, e se chamava Sophia, ou sabedoria, e que se dizia na casa da tia, a costurar uma manta para a filha, desconfiava, na verdade se prostituía...

A verdade era uma filha da puta! Maldizia...

Até os calos das mãos, ao apertarem o estandarte, nem mais doíam...

E o que lhe importava tudo isso:

Inanição...

Procriação...

Prostituição...

Calos da mão...

Doença do cão...

IPVA, IPTU, eleição, prestação...

Afinal, não o levem a mal...

Não!

Não!

Mil vezes, não!

Meu amigo, meu irmão, lavo as mãos:

É fevereiro, março, Salvador, Rio de Janeiro, Miguelópolis, Brasil, o país da ilusão, o país do carnaval, o país do político canastrão!

Sorria!

E dêem graças a Deus que não nascemos no Japão!

(Ao honrado povo japonês, o mais bravo e surrado que já habitou este Planeta!).

Savok Onaitsirk, 17.03.11.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 17/03/2011
Reeditado em 18/03/2011
Código do texto: T2854273
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