CASTIDADE
Triste e amargurada se foi a pobre e doce criatura.
Não sei qual o seu paradeiro.
Nem foi o primeiro, nem o derradeiro.
Esta é uma estória de herdeiros.
Herdeiros de nada.
A moça se cansou de casar.
Sua doçura derreteu-se como fel.
Escondeu-se sua candura,
Nasceu-lhe uma armadura.
O coração estava brocado.
Desesperado.
Onde está o namorado?
Virou marido.
Atrevido!
Sopa sem sal.
Ela quis sonhar de novo.
Pintou os olhos de lilás
Pos um vestido vermelho.
Bebeu uma taça de vinho tinto.
Atravessou a rua.
Era tardinha.
Charme ela tinha.
Parecia uma mocinha.
Mimosa...
Teimosa...
Cheirosa...
Amou-me até nascer o dia.
E ele não soube; nem desconfiou.
Nadei em seu mar de rosas.
Senti seu hálito de mulher amorosa.
Tudo foi uma delícia.
E ela não sentiu remorsos.
Eu também...