SOMENTE UM GRITO

Carrego em mim o lampejo do que fui com o sonho do que serei,

ânsia em dores que apartei diante da excentricidade que esperei

em gestos e atos sem vontade que em mim nem sempre perduraram,

estopim ao lodo jogado, enterrado sem ao menos ser notado, pensado ou sonhado,

simplesmente dispensado nessa indiferença que o fim tem representado.

Caminhei por ondas em poças de sonhos, trazidos pelo bailado da brisa

que inquieta me consumia em cárceres de paixões onde a morte sorria.

Oh! Dor que meus atos traziam aniquilando a cura para todas as feridas que em meu corpo ardiam,

e ardem levando-me a gritos, meros ruídos jamais entendidos.

Ouçam-me ó incrédulos! Pois minha voz abriga o verbo que condena e anistia,

seja eu então atendida, ganhando guarida nesse porto de almas frias, desvalidas.

Amores e paixões, lembranças de sonhos vivos, abrilhantados, já totalmente abandonados pelo "nós"

condoídos e corrompidos, em sombras de "eus" transformados, no egocentrismo aprisionados,

já totalmente destruídos pela vaidade intrínseca na ilusão, destronando o amor, coroando a solidão.

E grito mais uma vez a minha dor, buscando assim o socorro no amor que um dia por mim foi vivido e sonhado,

hoje completamente triste, magoado, em lágrimas transfigurado,

pintura destoante em restos de sonhos descorados, totalmente ultrapassados, envelhecidos e descartados.

Aisha
Enviado por Aisha em 27/06/2005
Código do texto: T28538