SOMENTE UM GRITO
Carrego em mim o lampejo do que fui com o sonho do que serei,
ânsia em dores que apartei diante da excentricidade que esperei
em gestos e atos sem vontade que em mim nem sempre perduraram,
estopim ao lodo jogado, enterrado sem ao menos ser notado, pensado ou sonhado,
simplesmente dispensado nessa indiferença que o fim tem representado.
Caminhei por ondas em poças de sonhos, trazidos pelo bailado da brisa
que inquieta me consumia em cárceres de paixões onde a morte sorria.
Oh! Dor que meus atos traziam aniquilando a cura para todas as feridas que em meu corpo ardiam,
e ardem levando-me a gritos, meros ruídos jamais entendidos.
Ouçam-me ó incrédulos! Pois minha voz abriga o verbo que condena e anistia,
seja eu então atendida, ganhando guarida nesse porto de almas frias, desvalidas.
Amores e paixões, lembranças de sonhos vivos, abrilhantados, já totalmente abandonados pelo "nós"
condoídos e corrompidos, em sombras de "eus" transformados, no egocentrismo aprisionados,
já totalmente destruídos pela vaidade intrínseca na ilusão, destronando o amor, coroando a solidão.
E grito mais uma vez a minha dor, buscando assim o socorro no amor que um dia por mim foi vivido e sonhado,
hoje completamente triste, magoado, em lágrimas transfigurado,
pintura destoante em restos de sonhos descorados, totalmente ultrapassados, envelhecidos e descartados.