UM HOMEM SÓ

À beira do fosso olha um olho mágico:

tudo se transforma. Do nada as

formas se projetam e brilham aos

olhos mansos da produção.

Surgiram os deuses e as vacas,

filhos de um homem só, navegador

das águas mornas das minas

termais conducentes da procissão.

Os dias passaram e o sol cansou

com a repetição do filme comum.

O homem brilhou e criou a escuridão:

o espelho sorria amedrontado.

Os ratos roeram o sustentáculo e

coaram cegos no castigo,

enquanto o mundo escorregava

entre os deuses pelos dedos das mãos.

INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI
Enviado por INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI em 17/03/2011
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